Por Nicolas Iory — São Paulo( O Globo)
O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado a tiros nesta sexta-feira no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos (SP), havia assinado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em março. Considerado uma "peça importante" nas investigações sobre o PCC, como definiu ao GLOBO uma fonte na promotoria, Gritzbach prometia revelar a "estrutura hierárquica, divisão de tarefas e modus operandi" do esquema de lavagem de dinheiro da facção.
Gritzbach se comprometeu a ajudar os investigadores na identificação e localização de integrantes da organização criminosa, e também a "apresentar informações referentes à prática de atos de corrupção envolvendo delegados de polícia e policiais". Também se propôs a revelar bancos de dados e documentos do grupo, a apontar "laranjas" e auxiliar na recuperação "total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela associação criminosa". O empresário precisaria ainda pagar multa de R$ 15 milhões — sua defesa achou o valor alto e ofereceu R$ 10 milhões, que não foram aceitos.
Em troca, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP ofereceu perdão judicial pelo crime de integrar organização criminosa, a redução da pena por lavagem de dinheiro em até um terço e a imposição do regime inicial aberto em caso de condenação.
Uma das pessoas que Gritzbach prometia delatar é Silvio Luis Ferreira, conhecido como "Cebola". Apontado como integrante da chamada "sintonia geral" do PCC, setor da facção responsável pelo tráfico, Cebola está foragido da Justiça. Ele é um dos sócios da UPBus, empresa de ônibus que atua na Zona Leste de São Paulo e que foi alvo da Operação Fim da Linha, em abril.
O acordo de delação do empresário com o MP-SP foi homologado em junho pela Justiça. Gritzbach chegou a apresentar prints de conversas, comprovantes de transferências bancárias e contratos entre suas empresas e outros suspeitos de envolvimento no esquema.
Dentre as denúncias feitas por Gritzbach estava a atuação de um integrante do PCC como sócio oculto de agência de jogadores de futebol. Nas conversas, são mencionados atletas de clubes como Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Torino-ITA.
Fonte: Redação do Mídia MS Digital