Antonio Neres*
O extremismo, em política, refere-se a doutrinas ou modelos de ação política que preconizam soluções extremas, radicais e revolucionárias, para os problemas sociais.
A polarização política é um fenômeno que ocorre quando as opiniões e ideologias se tornam cada vez mais extremas e afastadas umas das outras. No contexto atual, observamos o surgimento de dois extremos radicais na política, que podem levar o país a uma situação de guerra civil.
No primeiro extremo, temos grupos que defendem ideias e políticas mais conservadoras, tradicionais. Esses grupos acreditam na manutenção de valores tradicionais da sociedade e resistem a mudanças sociais e políticas. Eles veem a polarização política como uma ameaça aos seus princípios e estão dispostos a lutar para protegê-los.
No outro extremo, encontramos grupos que defendem ideias progressistas e uma transformação profunda na estrutura social e política do país. Esses grupos buscam igualdade de direitos, justiça social e a superação de desigualdades históricas. Para eles, a polarização política é vista como uma oportunidade para promover mudanças significativas.
O problema surge quando esses dois extremos se confrontam de forma violenta e intolerante. À medida que a polarização se intensifica, o diálogo se torna cada vez mais difícil e as diferenças se transformam em ódio e hostilidade. Se não houver um esforço coletivo para buscar o entendimento e o respeito mútuo, as tensões podem se agravar a ponto de por exemplo desencadear uma guerra civil.
É fundamental que as lideranças políticas, os cidadãos e as instituições busquem formas de reduzir a polarização e promover o diálogo construtivo. O respeito às diferenças e a busca por soluções pacíficas são essenciais para evitar que o país seja levado a um conflito interno devastador. A construção de pontes entre os extremos e a valorização do debate democrático são caminhos que podem nos levar a uma sociedade mais harmoniosa, fraterna, solidária e estável.
Nos últimos anos, o extremismo político vem crescendo de modo alarmante no Brasil. Posicionamentos apaixonados e incoerentes se misturam com discursos inflamados e violentos, carregados de reações extremas e radicais. Os que se posicionam desse modo não costumam apenas apresentar soluções simples para problemas complexos e profundos, eles não aceitam o contraditório. Essa é, infelizmente, uma tendência mundial e que já foi vista em outros períodos históricos da humanidade.
Acredita-se que a forte crise de representação política, que teve o seu ápice nos últimos anos, seja uma das causas do crescimento desses grupos. O extremismo não está relacionado a um posicionamento ideológico específico, na verdade ele pode existir na direita ou na esquerda. O filósofo político e historiador italiano, Norberto Bobbio (1909 " 2004), em seu livro "Direita e Esquerda. Razões e significados de uma distinção política", chega ao ponto de afirmar que as ideologias opostas encontram pontos de convergência em suas alas radicais, já que esses movimentos têm muito em comum, não no âmbito dos programas ideológicos, mas pelo fato de pertencerem à ala extremista contraposta à ala moderada. Bobbio afirma que os "extremos se tocam". Concordo com ele, os extremos têm muitos pontos em comum.
O debate é sempre salutar e importante, mas um debate saudável com respeito aos pontos de vista contrários, isto é, o debate de ideias. Um grande pensador já dizia:" Mentes brilhantes discutem ideias, mentes medianas discutem fatos e eventos e as mentes medíocres discutem pessoas.
*Jornalista, radialista e filósofo
Fonte: Redação MS WEB RADIO e Mídia MS Digital