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Crônica

Vila Presidente Castelo ou Pelinha?

Presidente Castelo está localizada no município de Deodápolis


Presidente Castelo ou Pelinha?

Vila Presidente Castelo, está localizada no município de Deodápolis na região sul de Mato Grosso do Sul. O patrimônio teve início na década de 60, local onde era conhecido como linha 16 na Colônia Federal de Dourados, maior programa de reforma agrária do mundo que fora implantado pelo ex-presidente Getúlio Dorneles Vargas.

O programa atraiu pessoas de várias partes do país e até do exterior, praticamente todos os dias centenas de famílias chegavam trazendo a esperança de adquirir um pedaço de terra, onde pudessem trabalhar e produzir alimentos para os seus. Camponeses vindos do Nordeste, Minas Gerais, São Paulo, da região Sul e de outras localidades.

A maioria não dispunha de recursos e, teve que enfrentar muitas dificuldades, os colonos se mobilizavam no sistema mutirão, construíam pequenos barracos cobertos de capim para abrigar suas famílias. Quem tinha alguma coisa dividia com os vizinhos numa demonstração de solidariedade e calor humano.

Os homens deixavam as esposas com as crianças em seus barracos e saiam nas busca dos suprimentos, a maioria arranjavam colocação na Fazenda Nossa Senhora Auxiliadora, no árduo trabalho de diarista, pois era precisa conseguir alguma estrutura alimentar para depois desbravar seus lotes.

Os gêneros alimentícios de primeira necessidade eram adquiridos em Porto Vilma, pois já existia um pequeno lugarejo e uma mercearia, conhecida como Bolicho do Bolinha, pois era o apelido do nono do estabelecimento. Deodápolis era ainda 11 linhas e havia a mercearia do senhor Raimundo Leonardo da Silva, pai do fundador de Deodápolis, Deodato Leonardo da Silva, que mais tarde se tornou prefeito de Glória de Dourados e depois de Deodápolis.

Farmácia só havia em Glória de Dourados, ainda não emancipada e na época conhecida como Vila Glória, então município de Dourados. O proprietário da farmácia era um senhor conhecido como Geraldo, que fazia também o papel de médico, pois médico só havia mesmo na cidade de Dourados e na época sem estradas era demasiadamente longe e, somente nos casos estremos que os pacientes eram conduzidos até a cidade, as pessoas eram levadas a cavalo até Vila Brasil (hoje Fátima do Sul) e de lá podia pegar alguma condução até Dourados.

Como já haviam muito colonos residindo na região um senhor conhecido por todos como Piauí, esposo da dona Lucimar resolveu abrir uma pequena mercearia na esquina na Linha 16, sendo este o primeiro comércio do local que viria mais tarde ser a Vila Presidente Castelo. Outros moradores se instalaram no local, como Zequinha de Araújo (cunhado do Piauí), Severino Amorim (pai do Nelson Amorim, que ainda reside no local, posteriormente vieram também Elizeu Nobre, pai da professora Alzira, primeira professora da vila, Marcelino, Arcedino Repentista, Agnelo Batista, Miguel Careca, Gino Doceiro, Zé Creó, Aristides, Idelfonso José da Silva, Josafá Pereira(Fazinho) e tantos outros, mas os dois primeiros moradores foram os senhores Tanaka, velho japonês e Antonio Ângelo.

A implantação da serraria do José Carlos que impulsionou o crescimento do lugarejo. José Carlos era natural de Ribeirão Preto, São Paulo, adquiriu a pequena serraria de propriedade do senhor Wilson Galvão, tornando-a uma grande madeireira, gerando dezenas de empregos, promovendo um crescimento substancial.

Por ser às margens do córrego Iretã, a vila ganhou o primeiro nome de Vila Iretã ou Eretã, mas anos depois por sugestão do senhor Zequinha de Araújo, o nome foi trocado para Vila Presidente Castelo, nome em homenagem ao ex-presidente Humberto de Alencar e Castelo Branco.

De onde veio o apelido de Pelinha?

Certa vez alguns moradores de Vila União, retornando de Deodápolis resolveram parar na vila para tomar umas cervejas antes de seguirem para suas casas e após exagerar na bebida um dos visitantes na hora de ir embora pediu a conta e por não concordar com os valores disse ao dono do estabelecimento: "VOCÊ TÁ QUERENDO ME PELAR, VÁ PELAR O JEGUE", surgindo um rápido bate boca, sem maiores consequências e, que foi contido pelos presentes. No local estava o saudoso Aristóteles, conhecido como Toti, como ele era muito brincalhão achou engraçado e passou a chamar a vila de "Pela Jegue". As pessoas achavam engraçado e começam repetir o apelido, suscitando a revolta dos mais tradicionais moradores que repeliam os que teimavam em se referir a vila pelo o apelido. Para fugir da revolta dos moradores alguns passaram a chama-lo apenas de Pelinha, nome que nos dias atuais é uma maneira carinhosa de se referir a acolhedora e receptiva Vila Presidente Castelo.

Com o crescimento as pessoas se mobilizaram e construíram a Igreja Católica, os evangélicos também construíram a primeira Igreja Evangélica, a Assembleia de Deus e seu primeiro pastor foi o senhor Gino, a vila ganhou também a primeira farmácia, de propriedade de Alberto Miranda Osório, o gaúcho. Zequinha como era conhecido seu José Araújo, era um grande desportista e resolveu formar um time de futebol e o a primeira formação era assim: Zezinho Antero, Jovi, Aderi, Toti e Dorinho; Luizinho da 15, Gentil e Teté; Paulinho, Fodoca(apelido esquisito dado pelo Aristoles), este por sinal foi o primeiro ídolo do time, e Babi. O técnico era Cicero Bacana.

Por articulação de seu Zequinha, José Carlos, proprietário da madeireira passou a contratar para trabalhar no estabelecimento jogadores de futebol, com isto o time foi reforçado por João da Hora, Mikio, Jorge goleiro, Serginho e outros, passando a ser um dos times mais fortes da região.

Mais de 50 anos se passaram e a Vila Presidente Castelo ou simplesmente Pelinha continua cumprindo a sua vocação com inestimável contribuição no setor agropecuário, produzindo alimentos, gado de corte e leite, com isso gerando riquezas, mas sobretudo um local acolhedor, pois sua gente é amável e gentil que faz questão de receber os visitantes com carinho e afabilidade.

Presidente Castelo ou Pelinha? A escolha é sua, pois tanto um como o outro o amigo leitor vai encontrar nas pessoas, carinho amizade e, sobretudo calor o calor humano, algo peculiar nesta gente amiga, generosa e hospitaleira.


Agência Brasil/ redação MS Web Rádio e Midia Digital

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