Especial: veja como ficará "Usina Velha" de Dourados depois de revitalização

Rozembergue Marques*

A reportagem do Mídia MS Digital teve acesso a detalhes do projeto de revitalização da Usina Velha, uma das mais antigas reivindicações dos douradenses. A proposta de restauração prevê a preservação das ruínas e utilização do espaço para a criação de um museu digital tecnológico e centro cultural, tendo um moderno anexo de apoio a ser criado para suporte das atividades. Começando pela área externa, estuda-se a possibilidade de construir uma moderna guarita para guarda e bilheteria para controle de acesso dos visitantes, podendo ser utilizada também para espetáculos em geral. Na entrada do complexo cultural será mantida vista da fachada preservada da usina, medida que visa evitar ao máximo a poluição visual da obra arquitetônica. No bosque em torno da edificação será analisada a possibilidade de criação de uma pista de caminhada que perpassará árvores, aflorações de água e um parque de esculturas, podendo abrigar , de froma alternada, concursos de obras de arte de artesãos e artistas locais. A pista dará acesso às passarelas suspensas para arborismo, através das vigas de concreto do antigo galpão que servia de depósito de lenha e avançando por um declive no terreno em meio a área ambiental preservada.

Localizada na Rua Albino Torraca, entre ruas Manoel Santiago e Av. Dom Redovino, a Usina Termoelétrica Senador Filinto Muller, nome oficial da popular "Usina Velha", começou a ser construída no ano de 1943 e foi concluída em 1949, ano em que o então senador Filinto Muller realizou sua inauguração.

No ano de 1952 parou de funcionar definitivamente, pois já não conseguia suportar a então crescente demanda local de energia, que passou a ser suprida pela Usina de Urubupungá.A edificação é tombada pelo Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Dourados-MS, através da Lei Complementar n° 1.697, de 15 de julho de 1991, e hoje encontra-se em estado de ruínas, necessitando de intervenções de reforma e restauro.

Esse é, por sinal, o objetivo do projeto elaborado pelo arquiteto Dionisio Binelo, com recursos oriundos do Ministério do Turismo em 2021. No que tange a projetos, há um certo "pé atrás", sobretudo por parte da classe artística, historiadores e intelectuais, vez que outros projetos já foram elaborados em sucessivas gestões e por um motivo ou outro engavetados. Pelo andar da carruagem, parece que dessa vez "a coisa vai".

Uma equipe do Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Plata) esteve na cidade em Dourados conhecer as obras cuja execução serão financiadas pelo banco para o município, como é o caso da restauração da Usina. Acompanhados do arquiteto Binelo, os representantes do FONPLATA Aderbal Curvelo, acompanhado da analista de operações, Ana Tonello, e o especialista socioambiental, André Sampaio estiveram na área onde está localizada a Usina.

A perspectiva sem dúvidas alvissareira de que finalmente a "Usina Velha", que já inspirou poemas, livros e canções seja restaurada e se transforme em um ponto de visitação com múltiplas atividades anima aqueles que vem ao longo do tempo enfatizando a necessidade de preservação deste patrimônio histórico da cidade.

É o caso do historiador Carlos Amarilha. "O homem é um ser pertencente de um espaço e de um tempo. Com isso estabelecemos relações com as coisas, lugares e pessoas que anteriormente ocupavam o mesmo espaço. No mesmo espaço foram erguidos templos, casas, prédios, estádios, ruas, jardins e praças. Compete a cada comunidade preservar e decidir sobre o reaproveitamento dos testemunhos de sua história", ponderou o historiador.

"Passou da hora de valorizarmos a história de Dourados, com a grandeza que a cidade merece. Além da restauração e preservação dos poucos patrimônios arquitetônicos, como é o caso da "Usina Velha", precisamos de um Arquivo Público Municipal, para preservar e salvaguardar os documentos públicos e privados de valores históricos relevantes, um espaço adequado para abrigar as mais de 5.000 peças do Museu Municipal e outras medidas efetivas de preeservação do patrimônio histórico material e imaterial", finalizou Amarilha.

*Jornalista e violeiro