As cinco grandes ligas de futebol europeias são sempre citadas quando se pensa numa revolução no futebol brasileiro. Com destaque, claro, para a inglesa, a Premier League, apontada como a mais cara e rentável, de melhor futebol, grandes estádios e jogadores. Nela está o Manchester City, apontado como o clube mais rico do mundo na temporada 2020/21, seguido por Real Madrid (Espanha) e Bayern de Munique (Alemanha).
Esse tema ganha mais relevância essa semana, já que nesta quarta-feira (23) a CBF poderá ter um novo presidente, o ex-presidente da Federação Baiana Ednaldo Rodrigues – a eleição foi suspensa na tarde desta terça (22) pelo Tribunal de Justiça de Maceió, mas a entidade vai recorrer. Caberá ao novo dirigente liderar um movimento de mudança radical na estrutura do nosso futebol, com a tão sonhada criação de uma liga de futebol por aqui, responsável pela organização dos campeonatos nacionais.
Na semana passada, nesse espaço, fui contrário à adesão de alguns clubes ao processo de transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Sinceramente, não vejo como saída para a correção de rumo daqueles que estão em estágio falimentar – sou mais favorável a um processo administrativo sério, compromissado com o orçamento. E quando olhamos para a mesma Premier League, dos clubes ricos, descobrimos que antes da chegada dos bilionários investidores, houve a organização dos clubes e a busca por um equilíbrio de forças que transformou o campeonato num produto atraente para os patrocinadores.
A Premier League surgiu em 1992, mas foi apenas em 2003 que o russo Roman Abramovich chegou ao Chelsea e o norte-americano Malcom Glazer se uniu ao Manchester United. O grupo de investidores dos Emirados Árabes adquiriram o City em 2008. Evidente que os supertimes ampliaram a exposição da liga inglesa ao redor do mundo, mas acho importante entender que o primeiro passo para isso foi a organização, e não a chegada do dinheiro estrangeiro.
Clubes brasileiros que buscam sair do fundo do poço, por um caminho aparentemente mais fácil, deveriam pensar nessa história de sucesso do futebol inglês. Quem sabei isso não permita que faturem ainda mais, com uma venda em momento futuro mais estável. O tempo dirá se eles estão certos.
* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil
Agência Brasil