Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu Regina Bariani, especialista em vinhos. Em entrevista a Fabi Saad, ela deu dicas sobre o consumo da bebida e orientou as formas ideais para identificar aqueles que têm má qualidade. “Virou um hábito aqui no Brasil, principalmente na crise financeira de 2016 e 2017. As pessoas levavam de casa e o restaurante cobrava só a rolha. Primeira coisa: ligue e veja se ele aceita e quanto custa a rolha. Nunca leve [para o restaurante] um vinho baratinho que tenha na carta do restaurante, você tem que levar um vinho um pouco especial para valer a pena. O restaurante cobra a rolha porque tem um serviço: abre, usa as taças dele, vai decantar se for necessário. Tem um custo, não é um exagero”, explicou Regina. “Existe isso em todos os setores, coisas caras que as pessoas usam para ostentar. Carro, roupa cara, obra de arte. Nós, do mundo do vinho, não usamos como ostentação, mas, sim, como um prazer maravilhoso. Vinho na geladeira, para guardar, só os abertos. A geladeira não é o melhor para armazenar. Lugar bom para climatizar é sua adega climatizada. Se a pessoa não tiver uma adega climatizada, que é difícil, [escolha] o lugar mais fresco e escuro da casa. Luz é muito ruim para o vinho. A luz muda os aromas, muda o sabor, ela dá uma queimada no vinho e tira a acidez”, acrescentou.
Hoje, a sommelier compartilha os seus conhecimentos sobre vinhos em cursos e aulas. Segundo ela, conhecer bem a bebida pode ser enriquecedor e empoderar mulheres em todas as esferas culturais. “Primeiro tomei a decisão de dar aulas. É o que eu gosto, gosto de falar e de dividir conhecimentos. Senti um gap [disparidade] de mulheres entendendo sobre vinhos. Não tem motivo, apesar de ser um meio muito machista, para tudo ficar na mão do homem. As mulheres pagam suas contas, saem sozinhas, viajam sozinhas e não sabiam escolher o vinho. Sempre ficavam na mão de um vendedor ou de um garçom. Muitas lojas não tem um sommelier e as mulheres estavam reféns”, lamentou.
“Eu pensei que é uma forma de empoderamento. Uma mulher que entende de vinho se sobrepõe, não precisa pedir para um homem escolher para ela. Algumas coisas básicas, com as mulheres aprendendo, se viram superbem. São grandes consumidoras de vinho. Democratizou, mas faltava conhecimento. O correto é sempre provar antes para ver se está bom. O único caso em que se devolve o vinho em um restaurante ou em uma loja é se ele tiver defeito, não se você não gostou. A gente tem que experimentar, mas é uma dosezinha pequena. Dê uma voltinha [na taça] para liberar o aroma do vinho. Faça o vinho passear pela sua língua e vai ver se está bom ou não. Na hora, você vai descobrir, não precisa ser muito entendido. Se o vinho estiver ruim, você vai sentir aquele gosto avinagrado, passado e oxidado”, detalhou.
Como livro, Regina Bariani indicou o clássico literário “1984”, obra de George Orwell, que faz parte de sua vida desde a adolescência, nos anos 80. “Uma cabeça de jovem, querendo descobrir o mundo. Até me deu um pouco de medo. Se chamasse 2020, seria perfeito, ele foi muito visionário. Li em vários momentos da vida, de fácil leitura.” Como filme, a produção ”Comer, Rezar, Amar”, estrelada por Julia Roberts, aparece entre suas favoritas. “Tem a ver com o que eu faço, ela sai em busca do autoconhecimento. Sai do lugar-comum e da vida em que ela não está feliz. É um filme muito legal, traz força para as mulheres se reinventarem profissionalmente também”, avaliou. Como mulher positiva, a sommelier se espelha na história de Barbe-Nicole Clicquot, empreendedora europeia pioneira no ramo dos vinhos. “Ficou viúva e tinha uma vinícola numa época em que as mulheres não podiam votar, estudar e ganhar dinheiro. Ela inventou técnicas que são usadas até hoje para se fazer champanhe de qualidade”, concluiu.
Fonte: Jovem Pan