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Se cuide! No mĂȘs da prevenção do câncer de bexiga, conheça os sinais da doença

Julho Ă© marcado pela campanha de conscientização do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de bexiga

Por Antonio Neres em 17/07/2022 às 15:36:50

Sangramento visĂ­vel na urina; desconforto ao urinar, como dor e ardĂȘncia; aumento da frequĂȘncia ou urgĂȘncia em urinar são sintomas para acender o alerta de um possĂ­vel câncer de bexiga, órgão que armazena a urina antes de ser eliminada do corpo. Durante a micção, os mĂșsculos da bexiga se contraem e a urina é eliminada através da uretra.

"Mesmo nos estĂĄgios iniciais, esse tipo de tumor jĂĄ pode causar alguns sintomas. O principal sintoma da doença é o sangramento visĂ­vel na urina, então é aquele paciente que vai chegar no consultório falando que viu sangue na urina, que a gente chama de hematĂșria. Outro indicativo é o desconforto a urinar. Alterações como urgĂȘncia para urinar ou aumento da frequĂȘncia urinĂĄria também são sintomas que a gente deve investigar", alerta o urologista Rafael Ribeiro Meduna, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.

Nos casos mais avançados da doença, podem ocorrer sintomas como perda de peso, cansaço, fraqueza, perda do apetite, dor óssea e incapacidade de urinar. Contudo, esses sintomas também são comuns em outras doenças como infecção urinĂĄria, aumento benigno da próstata, bexiga hiperativa e pedras nos rins e bexiga.

"É importante lembrar que esses sintomas não significam que vocĂȘ estĂĄ com um tumor de bexiga. Existem outras doenças que são até um pouco mais frequentes que o câncer de bexiga, que também causam sintomas como o aumento da próstata benigno, uma infecção urinĂĄria, cĂĄlculos na bexiga e até a bexiga hiperativa".

Conscientização

Julho é marcado pela campanha de conscientização do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de bexiga. O mĂȘs é dedicado à campanha para que as pessoas, com ou sem histórico da doença na famĂ­lia, passe a buscar orientação e acompanhamento médico, além de realizar exames periódicos.

A queda no nĂșmero de diagnósticos preocupam os especialistas. Isto porque, com a pandemia, muitos pacientes deixaram de realizar exames rotineiros. Para dimensionar o tamanho do dano causado pela pandemia no diagnóstico de novos casos de cânceres, a Sociedade Brasileira de Urologia (seção de São Paulo) realizou levantamento em parceria com instituições de saĂșde no Estado de São Paulo, responsĂĄveis pelo atendimento de pacientes do Sistema Único de SaĂșde (SUS).

Os resultados mostraram que a pandemia gerou uma redução média de 26% no nĂșmero de novos casos, englobando os tumores de rim, próstata e bexiga, na comparação com diagnósticos feitos nos anos de 2019 e 2020.

O Hospital das ClĂ­nicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, observou uma queda de 52% nos casos de câncer de bexiga e 63% nos de rim. JĂĄ o Hospital AC Camargo Câncer Center, disse que a redução foi de 24% para os tumores da bexiga e 29% para os de rim. Os dados para o câncer de rim do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostraram redução no diagnóstico de novos casos de 35% – foram computados 40 casos em 2019, contra 26 em 2020.

"Com toda a questão da pandemia, houve um grande medo da população, além da orientação das instituições de saĂșde para que houvesse o distanciamento social. Com isso, teve uma redução importante no nĂșmero de consultas médicas, avaliações, exames e consequentemente houve uma diminuição nos diagnósticos", lamenta o médico.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o nĂșmero de casos novos de câncer de bexiga, estimados em 2022 para o Brasil, é de 7.590 casos em homens e 3.050 em mulheres.

Fatores de risco

O principal fator de risco para desenvolver a doença é o cigarro, responsĂĄvel por cerca de 50% dos casos. O risco estĂĄ diretamente relacionado com a duração e intensidade do ato de fumar.

"O cigarro tem diversas substâncias quĂ­micas que são carcinogĂȘnicas, ou seja, induzem o aparecimento de um tumor e no caso especĂ­fico da bexiga, depois que essas substâncias são inaladas, elas são absorvidas pelo pulmão e vão cair na corrente sanguĂ­nea e depois serão filtradas pelo rim. Vai produzir uma urina, como se estivesse contaminada com essas substâncias quĂ­micas e depois ela vai ser armazenada na bexiga, que é um reservatório da urina. Essas substâncias quĂ­micas vão passar horas ali na bexiga, causando uma agressão à superfĂ­cie vesical, que vai propiciar um ambiente para poder desenvolver um tumor no paciente", explica Meduna.

Mesmo quem não fuma, mas convive com alguém que fuma, o chamado tabagismo passivo, também tem um risco aumentado de câncer de bexiga. Outros fatores associados, porém em menor grau, são a exposição ocupacional prolongada às substâncias quĂ­micas chamadas de aminas aromĂĄticas que podem ser cancerĂ­genas (principalmente em indĂșstrias que processam tintas, corantes e derivados do petróleo) e irritações crônicas na bexiga, como infecções e cĂĄlculos.

A principal prevenção para o câncer de bexiga é não fumar. JĂĄ os trabalhadores, que estão em contato diĂĄrio com produtos quĂ­micos, devem usar equipamentos de proteção individual para maior segurança durante o trabalho. Os hĂĄbitos saudĂĄveis de vida, alimentação adequada, prĂĄtica de exercĂ­cios fĂ­sicos também são uma forma de prevenção.

Tratamentos

Além do exame fĂ­sico e anĂĄlise da história clĂ­nica, para realizar um diagnóstico mais preciso, o médico pode solicitar alguns exames de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética).

O exame diagnóstico mais importante para avaliação do câncer vesical é a cistoscopia. Com esse exame, o médico consegue avaliar o interior da bexiga do paciente com uma câmera. O tratamento do câncer de bexiga é indicado de acordo com o grau da doença, profundidade da invasão do tumor na parede da bexiga e se invade outros órgãos.

No caso de tumores iniciais, o tratamento realizado é a ressecção transuretral da bexiga, conhecida como "raspagem da bexiga". Em alguns casos, pode-se associar a esse tratamento, a aplicação de drogas como BCG, quimioterĂĄpicos ou imunoterapicos dentro da bexiga.

"A onco BCG é uma imunoterapia que tem como objetivo criar, com o sistema imune, condições para diminuir a recorrĂȘncia e a progressão do tumor. É importante lembrar que esse tratamento não estĂĄ indicado para todo mundo, então vai depender muito do estĂĄgio da doença. Por isso que é importante, sempre que tiver esse diagnóstico, consultar especialistas para avaliar qual é o melhor tratamento para cada paciente", frisa o urologista.

Em tumores que invadem a musculatura da bexiga, com a cistectomia radical (retirada de toda a bexiga) é a forma mais adequada de tratamento, podendo ser precedido pela quimioterapia em algumas situações. Como tratamento alternativo à retirada total da bexiga, pode ser utilizado uma combinação de raspagem da bexiga, quimioterapia e radioterapia.

Em geral, esse tratamento alternativo é destinado a pacientes com muitos problemas de saĂșde que não tem condições para realizarem a retirada total da bexiga. No caso de tumores mais avançados com presença de metĂĄstases (invasão de outros órgãos), o tratamento mais adequado é a quimioterapia ou imunoterapia. "A recomendação continua valendo: o quanto antes se diagnosticar o problema, mais chances de cura o paciente terĂĄ", finaliza o especialista.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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